segunda-feira, 11 de novembro de 2013

ELAA forma terceira turma de Tecnólogos em Agroecologia

30 de outubro de 2013



Por Riquieli Capitani
Fotos: Riquieli Capitani e Geani Paula Souza da Rosa
Da Página do MST



“Vocês Tecnólogos em Agroecologia e militantes da Via Campesina, precisam sempre se lembrar que a formação técnica e a formação política aqui recebidas estão sempre a serviço de uma causa, e a nossa grande causa é a Agroecologia, a educação, a formação e a transformação social”.

Foi com essas palavras que o paraninfo da Turma Semente Latina, Marcos Gerhke, iniciou o discurso para os 49 educandos que se formaram em Tecnólogos em Agroecologia, na última sexta-feira (25/10), na Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA), localizada no Assentamento Contestado, município da Lapa, região sul do Paraná.

A terceira turma de formandos da ELAA, composta por educandos de vários estados brasileiros, além de outros países como o Paraguai, República Dominicana, Colômbia e Equador, emocionaram os participantes quando realizaram o ato camponês, trazendo como símbolo o chapéu de palha, e fazendo a leitura do discurso em duas línguas: português e espanhol.

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“Queremos agradecer aos movimentos sociais do campo que conseguiram através de muita luta construir a ELAA e esse curso. Hoje estamos se formando e se juntamos com mais força e conhecimento na luta em defesa de um projeto popular e agroecológico para a América Latina”, leram os educandos Vagner Wisinheski e Efren Vicente Roman Espinoza.

O curso, segundo eles, seria como uma semente, que após ser plantada precisa de vários nutrientes para se fortalecer e gerar frutos. “As sementes, após começar o processo de germinação, vão encarando cada vez mais de perto as condições externas da natureza, como sol, chuva, frio, calor, enchentes, secas. Não foi muito fácil superar os problemas e as dificuldades, mas com luta baseado nos princípios da agroecologia e da Via Campesina, encaramos e nos fortalecemos para resolver as dificuldades, superar os desafios e comemorar as conquistas”.

A trajetória

Em 27 de agosto de 2005, foi implementada a Escola Latino Americana de Agroecologia na sede do assentamento. Fruto de uma iniciativa entre a Via Campesina, o governo estadual do Paraná e o Instituto Federal do Paraná (IFPR), além do apoio do governo da Venezuela.

Representando o reitor do IFPR, o professor Jesué Graciliano da Silva, Diretor de Ensino do IFPR do Campus Curitiba, falou do orgulho que o Instituto tem dos educandos e fez uma recomendação aos tecnólogos brasileiros, paraguaios, equatorianos, dominicanos.

“Nessa perspectivava e nessa lógica de integração dos povos, ao retornarem para seus locais não esqueçam dos valores e técnicas aqui aprendidos, e do compromisso moral, ético, social e educacional que vocês têm com seus País e seus povos”.

“Tecnólogos Pedagogos em Agroecologia”
Para Luiyi Castro, do Equador, o curso superou todas as expectativas. “Foi para além do que esperávamos. Achávamos que iríamos se formar em Tecnólogos em Agroecologia, mas nos formamos em Tecnólogos Pedagogos em Agroecologia, o que significa que aprendemos como trabalhar com o camponês, valorizando o trabalho que ele exerce”.

Segundo Luiyi, toda a dedicação ao longo do curso se transfere numa responsabilidade: seguir em frente na luta pela agroecologia em cada país e no mundo.

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Já a educanda Franciane Marafon, do Movimento Mulheres Camponesas (MMC) de Santa Catarina, comenta que continuará atuando para fortalecer o projeto da Agroecologia na região em que reside, e que essa conquista é tanto dela quanto do MMC.

“Agora vou continuar atuando no MMC, vou retribuir a confiança que meu movimento depositou em mim. Hoje sou graduada graças aos trabalhadores e trabalhadoras dos movimentos sociais da Via Campesina, que acreditam na Turma Semente Latina. Para nós do MMC é muito importante essa conquista”.

O curso
O curso é viabilizado pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e por recursos dos próprios movimentos sociais.

Os três anos de duração funcionam por etapas em regime de alternância, entre tempo escola e tempo comunidade, com uma média de 60 a 70 dias cada etapa.

“Podemos dizer que aqui no Brasil temos capacidade e condições de disputar esse projeto dominante, que quer tirar do povo brasileiro a cultura da agricultura e transformar em negócio. Contra isso precisamos manter parcerias assim, entre Incra, IFPR e a ELAA. Essa escola tem contribuído para discutir e fortalecer a agricultura como patrimônio, como cultura que nós temos que preservar”,  comenta a Coordenadora Nacional do Pronera, Clarice dos Santos, presente na atividade.

“Aqui no Paraná, com o Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (Ceagro), Instituto Técnico de Educação e Pesquisa da Reforma Agrária (ITEPA), Escola Milton Santos (EMS), nós temos uma verdadeira sementeira de formação dos educadores da agroecologia que depois se espalham pelo país e América Latina, para expandir o projeto popular e soberano que os movimentos sociais têm para a sociedade”, acredita.

O ato político reuniu assentados, representantes dos movimentos sociais, autoridades municipais, estaduais e federais, como a prefeita da Lapa Leila Klenko, o deputado estadual Tadeu Veneri, Cyro Fernandes Côrreia Júnior, Superintendente substituto do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), além de amigos e apoiadores.

Continuando a comemoração, foi servido um almoço com produtos da agricultura familiar, e para encerar o dia, os participantes dançaram ao som de músicos locais.

A formatura da primeira turma de Tecnólogos em Agroecologia ocorreu em junho de 2009, durante a 8ª Jornada de Agroecologia, que aconteceu em Francisco Beltrão. No total foram 23 formandos que compuseram a turma batizada de Mata Atlântica. Já a segunda, turma Resistência Camponesa, com 39 educandos, se formou em abril de 2010.

“Temos que cuidar da Agroecologia como uma semente na terra. Cabe agora a gente cuidar atentamente essa semente com diversos nutrientes que são encontrados no companheirismos, solidariedade, amor, respeito, determinação, emancipação humana, igualdade, consciência de classe e para a classe, educação voltada para as realidades locais e muitos outros nutrientes encontrados disponíveis em abundância na articulação camponesa internacional, para não deixar que esse tempo que passamos estudando se torne um tempo perdido em nossas vidas”, declaram Vagner e Efren ao concluírem a leitura do discurso.

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